2003/08/13

Há coisas no Verão português que de certeza ninguém deixa passar ao lado. Uma delas é a vinda de muitos estrangeiros para a nossa costa, cheia de boas praias, boa comida, bom sol... por aí fora. Entre estes "estrangeiros" estão os emigrantes portugueses.

Os emigrantes portugueses partem (ou partiram) em grande parte para a Europa. Um dos países mais contemplado é França, mas também os há na Alemanha, Suiça, Inglaterra... No entanto, quando se fala em emigração, a imagem que imediatamente me surge na cabeça é a do típico emigrante francês.

No estrangeiro os portuguesitos aprendem uma língua à força, passam dificuldades, trabalham muito, mesmo muito, para que os seus filhos tenham uma vida melhor que a deles e (quem sabe?) possam voltar para Portugal.

E o trabalho esforçado começa a dar frutos. O dinheiro começa a chegar, a família a criar-se prosperamente. Deixam de ser os portuguesitos e passam a ser os senhores portugueses. Adquirem-se novos hábitos, a língua materna entrelaça-se com a nova, compra-se um bom carro e continua a trabalhar-se muito.

Pois bem, eu já tive o prazer de passar quinze belos dias a viver com uma família portuguesa emigrada em França. Na ocasião fazia-se um intercâmbio escolar, uma experiência inesquecível. A família era muito simpática, amável, alegre, sei lá... acolhedora - e um misto de duas culturas. Quatro filhos, um pai mecânico, uma mãe empregada doméstica, uma Renault Espace e muito divertimento. Notei ainda uma característica patente na maioria das famílias emigradas: união.

No entanto, estas pessoas quando chegam a Portugal transformam-se.O seu automóvel suado transforma-se numa bomba cobiçada. A sua língua francesa ostenta-se a cada palavra (excepção: "Allez, vitte! Depeche toi! Estás a gozar comigo ou o quê?"). As mulheres ganham jeitos... diferentes. Vestidos esvoaçantes, lábios cuidadosamente pintados. Tudo diferente do habitual em Portugal. No trânsito comportam-se de forma estranha: abrandam mesmo perante limites de velocidade, num semáforo quase fazem um piquenique enquanto está vermelho...

É um ser estranho, este emigrante. Estranho para mim, talvez mais do que isso intrigante. Por isso o invejo, pela sua coragem, pelo seu francês, pelo seu carro, pela sua humildade...

Obs.: É de notar que 40% das matrículas num parque de estacionamento pago numa praia são estrangeiras. Dessas, 90% são francesas.

Merci beaucoup
À bientôt

Não percam esta oportunidade:

http://www.eusoumgatinho.no.sapo.pt/Franca_Remix.mp3

2003/08/12






2003/08/07

Mais uma vez, olá!

Não me tenho lembrado, mas se me quiserem dizer qualquer coisa acerca deste blog escrevam para clareira@sapo.pt.

Hoje, gostava apenas de falar sobre uma pequena questão em que às vezes penso. A hipocrisia da civilização americana. Não a acham real? Não a sentem?

Eu sinto um certo fascínio pelos EUA. Um fascínio mais pequeno que por outros países europeus ou africanos, mas um interesse diferente. Ao mesmo tempo que me fascina a Califórnia, New York, Flórida, Chicago, Louisiana e sei lá... as particularidades de cada estado, há sempre aquele pudor hipócrita. Um pudor que não permite, sob certos parâmetros, anúncios de lingerie (!!), mas que tem adolescentes em tiroteios nas escolas, raparigas muito bem comportadas a quebrarem a loiça toda o mais cedo que conseguirem... Não sei, é estranho.

Talvez seja por ser um país muito grande, com múltiplos interesses... Mas também... quem tem aquele presidente... o que é que se podia esperar?

O pior é que estes Estados Unidos se alastram por todo o ocidente e arrasam o que for preciso. Esperemos que não.

2003/08/05

Ah!....

Mmm!!!

É tão bom ir à praia...! Mergulhar, nadar, deixarmo-nos levar pelas ondas, levar com espuma cheia de areia que só sai com a força de um chuveiro...! Sentir o frio das águas despertar-nos os sentidos e principalmente a voz esganiçada, que reage imediatamente!! Deitarmo-nos sob um sol dourado, ler um bom livro... fazer tudo por tudo para não ficar com a toalha cheia de areia... pois é... Olhar à volta e ver a maior animação: novos, velhos, gordos, magros, morenos, branquinhos, sozinhos, acompanhados, mas todos sem preconceitos, meios nús, divertindo-se da melhor maneira que sabem. As raquetes de madeira, as bolas de voleibol, as bolas de futebol de praia, os livros, as pás, os baldes, os moinhos, as cartas, as brincadeiras mais variadas, os olhares dourados que se vislumbram nuns e noutros que procuram um amor de Verão. As bóias, as braçadeiras, as pranchas, os fatos desportivos, as t-shirts, os cabelos alourados pelo sol, os corpos negros pelo sol. E os gelados, os tremoços, as pipocas, as sandochas, a coca-cola fresquinha, a bola de berlim, a aguinha fresquinha, a bolacha amaricana, a fruta e porque não a água dji côco? Os calções floridos, riscados, axadrezados, estrelados, lisos, os biquinis brasileiros, os mais discretos, lisos, floridos, de renda, de fibra, mais desportivos, mais delicados, os fatos de banho de uma verdadeira lady, os que disfarçam gorduras indesejáveis, os que manifestam uma atitude desportiva. Os chinelos, as chinelas, as sapatilhas, as sandálias. Os fotógrafos, os voyeurs, os rapazinhos imberbes embaraçados por belezas...! A bandeira vermelha, a amarela e a prefeirda de todos - verde -, mas há até uma axadrezada (quando o nadador salvador se ausenta).



As noites animadas de cheiros, sons, sabores, cores, tacteares. A alegria de risos, a tristeza de alguns olhares, as tias fluo, as tias betas, as tias etc etc etc (consultar livro de Produções Fictícias se quiser saber mais), os brincos as pulseiras, os fios, os anéis, os piercings, as tatuagens, a roupa branca para as luzes negras, o gloss. O pum pum tss pum que a todos agrada, o vento que liberta cabelos e alguma timidez. Os copos, muitos copos, cervejas, bebida branca, envelhecidos, licores, água, sumo, refrigerantes vários, café, toda a gente bebe. A beleza de uma praia à noite! Mmmm... bom. A bela da bifana ou do cachorro no fim da noite. E não é melhor o pequeno almoço de pão quente com manteiga no fim da noite?

Esqueçam os problemas (se eles estiverem na praia... azar!), procurem desviar a atenção dos diabólicos incêndios, apreciem a praia no Verão, naquilo que ela tem de melhor.





:)

Sinto-me por demais influenciada pelas enumerações que acabei de ler no livro O Nome da Rosa de Umberto Eco (aconselho vivamente).

2003/08/02

Bem, aqui vai o meu primeiro escrito a sério.

Pois é, ontem tive um dia muito cansativo, mas deveras interessante.

Uma viagem a Lisboa, à Faculdade, para me matricular e passar pelos sempre belos serviços académicos (menos mal).

Mas bem, no calor abrasador que se fez sentir, eu e o meu namorado tivemos a bela ideia de nos rendermos ao ar condicionado. Ou seja, fomos parar a uma bela sala de cinema para ver "Bruce - O Todo Poderoso". Deveras divertido, deveras interessante, muito bom mesmo. Por entre as caretas de Jim Carrey e a eloquência de Morgan Freeman, consegue retirar-se até uma moral deste filme: não esperes pelo milagre, sê o milagre. É simples, em vez de nos ficarmos por rezar, por pedir algo a Deus, por acharmos que as coisas nos correm mal e facilitarmos culpando alguém, devemos agir, tomar atitudes que modifiquem as coisas, por mais pequenas que nos pareçam. Exemplo: em vez de nos irritarmos com o trânsito parado (verdadeiramente irritante), ajudarmos o dono do carro avariado que o provoca.

No entanto, eu acho que a acção de Deus (se assim a posso chamar) está exactamente nesse momento que passamos da inércia ao acto, portanto o tal milagre. Ou seja, se o mais difícil é pararmos as críticas e agirmos, é aí que algo de Divino deve intervir. A pessoa sabe agir, só lhe falta um click miraculoso.

Gostei do filme e aconselho (mesmo que fosse mau, devia aconselhar, porque só cada um vendo com os seus próprios olhos é que pode avaliar).

O dia continuou, muito transpirado, com muitas garrafas de água pelo meio (em relação a uma até aconteceu um milagre: encontrá-la abandonada, fechada, em cima de uma mesa vazia, mesmo à minha espera - contenção de custos), trânsito...



E é então que chega ao fantástico Festival Litoral Centro.

Devo então referir que se localiza num lugar algo especial para mim: na localidade onde fiz o Jardim de Infância, o 1º ano do 1º ciclo (a mítica entrada na Escola) e 10 anos de catequese. Portanto, como devem imaginar fui conhecendo muita gente, ganhando e perdendo amigos; acompanhando a evolução de uma comunidade e com ela um grupo de contemporâneos de cerca de 18 pessoas. O que tem piada é que dessas 18 pessoas acho que apenas uma me cumprimentou; adivinhe-se um rapaz! Pois é, as raparigas nos seus wonderbras, decotes, saltos e belos cabelos, nem me dirigiram um olá. Não é que eu me importe, mas acho piada.

Para compensar essa falta de "olás" encontrei a minha amiga Mónica e aproveitei para cortar o bastante. Como é bom esse acto magnífico de falar dos outros, bem ou mal, mas ter alguém que partilhe opiniões connosco, que fale.

Acreditem ou não, inicei esta entrada no blog para vos falar dos Toranja e agora a conversa já vai longa. Mas vou continuar.

A razão porque fui ao Festival Litoral Centro prende-se com a actuação da banda portuguesa Toranja, da qual gosto muito e que já tinha tido oportunidade de ver ao vivo mas em circunstâncias um pouco diferentes - Festival Galp Energia. Neste Festival tocaram bem mais do que as 3 músicas do Galp Energia e actuavam como Reis da Festa, não como secundários.

Adorei assistir ao concerto dos Toranja. Presenteiam-nos com um grupo de 4 rapazes relativamente lavadinhos e com bom português e uma rapariga não espampanante. As músicas são boas, com boas letras, bom som e entrega dos músicos presentes. Gosto especialmente da "Carta", mas é claro que o "Cenário" é o seu cartão de visita. Julgo que tîveram uma boa comunicação com o público e no final tiveram até a coragem de homenagear os Coldplay tocando (e muito bem) uma música destes. Eu tinha muita coisa para dizer sobre eles, mas não sei mais como... Dizer que o vocalista tem uns belos caracóis e uns lindos dentes? Referir a simpatia e a simplicidade? Aconselho, aconselho mesmo (e aqui só aconselho mesmo porque gosto).



Mas o Festival não se ficava pelos Toranja que para mim até deviam encerrar, mas abriram as hostes.

De seguida vieram os brasileiros Lampirônicos, aos quais não prestei muita atenção. Parecia-me que tinham um bom som, mas eu não os conhecia de nenhum lado, nem sequer um single me podia fazer cantar, portanto fui sentar-me nos comes e bebes onde ocorreu o milagre da garrafa de água.

O espectáculo no palco terminou com a dupla Anjos. Pois é, eu assisti a um concerto dos Anjos. E devo dizer, excedeu as minhas expectativas. São uma dupla muito profissional, com todo o espectáculo muito bem preparado, acompanhados de excelentes músicos e com uma sonoridade melhor e mais pop/rock do que a pop que era de esperar. É claro que também eu cantei as músicas mais conhecidas e bati palmas. Porque não? Conseguiram animar o público e complementavam tudo com pirotecnia, que dá sempre outro aspecto, talvez mais sofisticado. Estes também aconselho, não tanto como os Toranja, mas aconselho, são uma dupla com um sorriso.

A noite acabou, muito quente, na minha cama a ler "O Nome da Rosa" de Umberto Eco, um livro grandito, mas do qual estou a gostar muito.

E assim me despeço com um bem haja a todos, enquanto o Tico brinca às mordidelas com a irmã sob o olhar atento de Cinha.

Bisous

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