2007/05/15

Gostava de saber escrever um texto sobre "convicção, segurança e auto-estima".

Estudei há pouco um texto intitulado "Conflitualidade Resolúvel". Este título é tão abrangente como "Convicção, segurança e auto-estima". O referido texto tratava da dificuldade em renovar ou introduzir infra-estruturas técnicas em edifícios a restaurar ou reabilitar.

Então, poderia falar, por exemplo, da insegurança que há ao se tratar um tema como a cidade de Lisboa. Insegurança quanto ao seu futuro, mas a certeza de que há muitas formas de a olhar. Para mim Lisboa é uma cidade linda, cheia de gente, gente distante, snobe e antipática; uma cidade cheia de ofertas culturais, onde posso encontrar qualquer filme que queira, qualquer livro, mas onde não tenho tempo nem companhia para aproveitar esse brinde. Mas é realmente uma cidade, em termos físicos, de que gosto.

No entanto, a verdade é que Lisboa funciona para mim como uma barreira física que me separa do meu lar, do meu ninho, daquilo que gosto. É esta barreira que me faz pensar muitas vezes "mas por que raio quis eu o curso de arquitectura em Lisboa?", "como é que eu previa que as coisas seriam para ter tanta convicção naquilo que queria?".

Dei por mim a pensar nisto depois de ver um excerto do filme "Alice". Já tinha tentado ver na televisão, mas acabei por adormecer… Neste dia, já sem sono, em que revi um pequeno excerto e li comentários do realizador, percebi que realmente para mim Lisboa é tudo aquilo - um nada cinzento em que vagueio sozinha para chegar a um objectivo…

Anseio pelo dia em que vou perceber se Lisboa me fortaleceu e fez crescer, ou se me tornou mais mimada, fechada e egocêntrica.

Quanto à auto-estima, é um conceito estranho para mim. Por definição, será a estima que sentimos por nós próprios. Então, se pensarmos que nós nos controlamos, devemos gostar sempre de nós… Caso contrário, não temos assim tanto autocontrolo ou não desejamos o melhor para nós. Faz sentido?

Mas eu acho que a auto-estima depende mais dos outros do que de mim. Se toda a gente me sorrir, me admirar, me apoiar, então pode vir alguém mal-encarado que não afecta nada - terei a minha auto-estima no alto. Mas isso seria hetero-estima… Que raio!...

Actualmente, e já há algum tempo, a minha auto-estima anda em baixo. E estive a tentar perceber porquê e desde quando. E acho que percebi.
Por alturas da discussão nacional relativamente à despenalização do aborto, escrevi a minha opinião numa espécie de fórum na internet. E houve alguém que, sendo assim, não me conhecendo, escreveu a sua opinião como resposta à minha, referindo-se a mim como sendo uma monstrinha anti-democrática, chegando mesmo a ser ofensivo. Quando li essa resposta, apesar de ver que tinha sido mal interpretada, só me apeteceu chorar e recriminar-me. Entretanto, mostrei o que se passava a quem me conhece, na esperança de ser defendida ou compreendida. Mas quem me conhecia ainda me deu mais na cabeça, achando que a minha opinião era exagerada e que no fundo "eu estava a pedi-las". Acho que desde então não me recompus. Por isso, a minha confusão da auto-estima. Será que a auto-estima é aquilo que permanece quando todos nos largam a mão ou aquilo que fica quando todos no-la dão? Seja como for, somos nós próprios que desencadeamos essas situações, ou não?

E assim uma coisa estúpida, a chamada merdice, tem-me atormentado há meses. E cada vez mais a pergunta se impõe "porquê".

Pode ser que para a próxima, quando tentar falar sobre "convicção, segurança e auto-estima", seja uma dissertação sobre o papel que as derrotas e vitórias do Benfica têm sobre os benfiquistas.

This page is powered by Blogger. Isn't yours?