2005/05/05

Neste dia em que nos encontramos na mais plena das primaveras quero falar de um inverno europeu. Fui ver o polémico filme sobre Hitler e a Queda do 3º Reich.

Desde já, aconselho o filme, pois é de extrema qualidade. Mas aviso os mais sensíveis, como eu, de que se trata de um filme extremamente intenso, forte e violento, tanto a nível da acção da guerra como a nível ideológico.

Eu era uma daquelas alunas que passava as aulas de história maravilhada com o passado. Infelizmente nunca me ensinaram muito bem o que foi o século XX (também não creio que fosse possível, pois não está assim tão longe). E mesmo aquilo que me ensinaram eu não gostei. Para mim a 1ª Guerra Mundial será sempre associada a uma imagem de um livro de história. Nesta encontravam-se soldados em trincheiras, com máscaras de gás e tudo era destruição, arame farpado e cinzento... É engraçado como a impotência fotográfica da altura também não favorece nada, a limitação do P&B tornou tudo feio...?... Será que Hitler, já na 2ª Guerra Mundial, se tivesse sido registado pelos maiores génios da pintura alemã, tal como os pintores franceses pintaram Napoleão, a sua imagem actual seria melhor?

De qualquer forma. As minhas imagens da 2ª Guerra Mundial já são a cores e vêm maioritariamente da arte do cinema (que também manipula cor...). Essas imagens, esses cenários, esses ambientes também tinham sido sempre do ponto de vista dos Aliados, do povo judaico ou do simples opositor à guerra. Então, já tinha percebido o "quem contra quem", quem era justo e quem era injusto (segundo os meus valores), o drama social, o drama... Bem, pela primeira vez vi um filme sobre a faceta Nazi, sobre a crença Nazi e sobre a inocência entre os Nazis. Vi homens a preferirem o suicídio a um mundo contrário aos seus ideais. Vi mães a preferirem matar os filhos a imaginarem-nos a viver num mundo sem nazismo. Vi um homem a ser idolatrado até à exaustão, mesmo quando ele próprio já nem sabia o que dizia e era um caso grave de demência. Vi crianças fascinadas pela ideia de poderem guerrear. Vi o ideal da destruição para possibilitar a construção de um mundo perfeito. Mais, vi a crença num mundo perfeito. Vi pessoas íntegras, vi pessoas da pior espécie.

Concluindo, não acredito no Nazismo, mas também não acredito no extremo oposto, pois, na minha opinião, o que os separa pode ser uma ideologia oposta, ou contraditória, mas isso acaba por ser uma fronteira muito pequena entre coisas supostamente tão diferentes. Acaba por ser tudo o mesmo: cabeças duras e facciosas.

E pergunto-me, não há ainda muitos ditadores no nosso mundo?? Não me refiro à política, mas ao dia à dia. Porquê? Qual é a necessidade incontrolável que o ser humano tem na sua afirmação?

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