2013/07/20

Pipocas doces

Tenho 29 anos, estou desempregada e vivo com os meus pais. Dedico uma parte do meu tempo diariamente a ter pena de mim e a questionar-me sobre o porquê de ter a vida que tenho. A tentar perceber o que correu mal e a menosprezar tudo o que correu e corre bem.
Numa fase especialmente delicada em termos de finanças familiares e de dúvida sobre qual deve ser o meu papel, quando dou por mim a achar-me uma coitadinha porque passo a ferro em vez de dar uso à licenciatura e ao mestrado, encontro-me quando finalmente vejo os meus pais sorrirem por qualquer coisa que eu fiz. Eram só pipocas de microondas, mas a gulodice trouxe pelo menos sorrisos matreiros, para triste já chego eu.
Só então me lembrei que não via o meu pai sorrir com vontade há algum tempo. E então lembrei-me que talvez ele seja mesmo corajoso, perante as adversidades por que já passou. E lembrei-me de que talvez uma parte da minha tristeza seja por achar que não lhe dou motivos para sorrir.

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