2005/10/28

Está a chegar o dia do bolinho!!!
Pois é, ninguém vai perceber o que é o dia do bolinho, mesmo que eu diga que é o dia do Pão por Deus... Mas bem, é dia de todos os santos. E para mim é o feriado religioso, a seguir ao Natal e ao mesmo ní?vel que a Páscoa. E isto porquê? Bolinho.
Desde muito pequena, que no local em que cresci é costume as crianças e os jovens pegarem em sacas de pão e irem em grupos por todas as casas da aldeia (até onde as pernas aguentarem) pedir bolinho, entoando "OH TIA DÁ BOLINHO!" ou "OH TIA DÁ PÃO POR DEUS!". Eu sempre gostei mais da versão do bolinho, isto porque quando a resposta é negativa ou demorada rima sempre "SE NÃO LEVA COM UMA CAVACA NO FOCINHO!". É claro que as crianças nem conseguem pegar numa cavaca com as duas mãos, quanto mais dar com elas no focinho de alguém. Mas eram grandes tempos. Com uns dias de antecedência combinam-se os grupos, depois o percurso e depois de tudo era aproveitar a maior quantidade de guloseimas que recebí?amos. E durante uma semana o melhor acabava-se: pastilhas, caramelos, bolos bons... Havia ainda quem desse uns tostões, mas isso é outra história. Durante um ou dois meses, ainda havia restos de rebuçados do dia do bolinho.
Agora, já não tenho idade para isso, mas quase toda a gente na minha famí?lia faz bolinhos (merendeiras dos santos) para oferecer na famí?lia. O que é muito bom. Mas conheço outras famí?lias para quem a tradição não é tão importante e se dá dinheiro as jovens. O que também não é mau, mas muito menos delicioso. E assim, este fim-de-semana prolongado vai ser bom, porque ainda há a acrescentar a ocasião de roubar um bocadinho da massa enquanto estiver a repousar, pois crua também é cá um pitéu!
Eu acho que toda esta tradição tem muito a ver com as colheitas de final de verão e iní?cio de outono. Ainda bem que há Santos!
Mas também há a curiosidade de, por exemplo, na Guarda, ou noutras regiões, este dia ser celebrado de forma completamente diferente. Tanto quanto sei, é um dia dedicado apenas aos defuntos... Eu acho isso triste. Tão triste como os funerais, aos quais gosto cada vez menos de ir, porque lembro-me sempre dos que já partiram e em vez de chorarmos mortes acho que deverí?amos celebrar as vidas que tiveram, pois a morte é inevitável, não pode ser tão triste. Se já estamos todos a fazer conta com ela um dia...
Bem, tudo isto para dizer que o Halloween não é uma questão vaga ou original dos Estados Unidos. Junta os mortos e o pedido de pão por Deus. Interessante, não é? É omelting pot.
Inté!

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